Junho: mês das festas
Eis-nos (quase) chegados a Junho, esse mês tão joanino que traz consigo o cheiro das sardinhas na brasa, o toque dos balões de ar quente e o barulho ensurdecedor dos martelinhos.
E Junho é também, cá em casa, mês de festa extra, porque faz anos a minha menina do meio! Como tal, há que saber preparar a festa com antecedência, um pouco como fazemos todos em antecipação a um eventual ataque apocalíptico de zombies. É mais ou menos a mesma coisa.
Por esse motivo, achei que era porreiraço deixar-vos algumas dicas em jeito de manual de sobrevivência sobre como preparar um boa festa de anos em casa para a criançada. Quem é amiguinha, quem é?
Nota de “rodapé”: Se normalmente costuma optar pelos serviços externos de festas, então este artigo não é para si.
E não se sinta mal por isso. Às vezes não dá mesmo ou porque temos uma casa mais pequena ou porque o nosso tempo é reduzido ou por outro motivo pertinente (no meu caso, uma operação ao joelho é quase um imperativo, pelo menos este ano). Contas feitas, o importante é que os nossos filhotes possam ter um dia agradável e feliz com os seus amigos e família. É ou não é? Tal como diz Kristina Kuzmic, não há uma só forma correcta de festejar. Aqui pretende-se tão somente deixar a minha versão de festa, na esperança que possa ajudar outros a sobreviver ao fenómeno.
Estamos prontos e prontas? Vamos então a isso!
A-listem-se, a-listem-se!
Se quiser evitar cenários de festa como o do filme Mrs Doubtfire (quem se lembra?), então comece por pensar muito bem na lista de convidados, juntamente com o seu filho antes de ele começar a convidar tudo o que se mexe lá na escola.
Concordem um número ideal baseado nos espaços da sua casa, tendo em consideração também lugares sentados e de pé (tipo autocarro) e número de adultos por criança, especialmente em festas com crianças pequenas. Faça-o idealmente, pelo menos, 3 semanas antes do evento para poder avisar os papás e mamãs das criancinhas seja através de convites todos xpto seja por mensagem no whatsapp (ou as duas formas).
Proponha datas que evitem potenciais fins de semana em família (daqueles prolongados em que toda a gente foge para o Algarve) ou que coincidam com festividades importantes (neste mês, São João, por exemplo).
Tema da festa: Sim ou não?
Esta é uma questão que irá depender muito das sinergias de cada família. Por aqui somos todos quase caricatamente nerds, ou seja, é quase impossível haver uma festa sem tema cá em casa. Porque sim e porque somos aquele tipo de famílias que, de vez em quando, se lembra de aprender os preceitos do canto tuvano e de assustar os vizinhos. Que já não temos entretanto.
Já tivemos a festa dos Goonies, a festa dos piratas, a festa do “Rei Leão: o Musical” e mais recentemente fizemos um jantar dedicado ao Trinitá com canecas de alumínio, uma boa zurrapa e um jantar (quase) todo à base do famoso prato de feijão. Caso decidam fazer uma festa com tema há alguns aspectos a considerar:
- Quanto tempo tem disponível para a preparação da festa
- O que se vai fazer? É uma festa de máscara? Vai haver jogos?
- Que orçamento tem para a festa?
- Que tempo vai estar? Calor? Chuva?
- Recursos a usar?
- Sítios onde vai precisar de ir?
Trace um plano com tarefas, recursos e responsáveis e não se esqueça entretanto de respirar.
Já está? Continuemos!
Lembre-se sobretudo que isto é uma festa de anos e não a celebração da implantação da República. Às vezes fazer (e prometer) pouco mas bem é preferível a ter ganas de herói grego e depois cair na hybris de querer fazer tudo e mais alguma coisa. Depois queixe-se da ira dos deuses.
Ementas, ementas para que vos quero!
Ainda estamos na fase dos planos. Isto já parece uma proposta de projecto. Passo a seguir: planeie a ementa! Mas antes de começar a esculpir a Ana e a Elsa numa escultura de gelo, pare um bocadinho e ouça: coisas simples. Ouviu bem. Simples.
É uma festa de miudagem certo? Sabe o que fazem os miúdos nas festas? Correm, saltam, tentam abrir portas fechadas, sujam o chão todo da sala, fazem testes de resistência e endurance às infraestruturas da casa e brincam. E com muito jeitinho ainda comem. Pois é, nunca se ouviu falar de miúdos que vão a festas de anos encher o bandulho. Nós adultos é que fazemos isso, mas as crianças têm essa mania estranha de se mexerem. Esquisitos.
Portanto (olha eu a começar mais uma frase com uma conjunção), não vale muito a pena fazer de comer para um batalhão de gregos prestes a invadir Troia, pois não?
Alguns truques fantásticos (ou não tivessem a minha mãzinha lá pelo meio):
- Faça a maior parte das coisas no dia anterior (o que puder ser): coisas práticas de se fazer e limpar;
- Tenha tudo já separado a um canto da dispensa/cozinha, longe da miudagem;
- Gelatina em copos individuais: é muito prático e no fim não fica com aquele aspecto que nos recorda o primeiro filme da saga Aliens;
- Corte pão de forma com queijo e fiambre em quatro triângulos iguais (mini-sandes): já viu alguma criança a comer um pão inteiro numa festa? Eu também não.
Zonas proibidas? Claro que sim!
Sei que este título tem assim algumas nuances de Área 51 mas é por uma boa causa.
Toda a gente sabe que casa que a curiosidade é daquelas coisas muito saudáveis e um lugar comum no que diz respeito a pessoal em vias de crescimento (cansei-me de dizer miúdos). E na festa, os ingredientes estão lá todos: casa inexplorada, portas abertas, miúdos curiosos. E o resultado é acabar a festa a apanhar roupas suas do meio do chão, ver o conteúdo das suas gavetas pessoais nas mãos de miúdos com perguntas (daquelas) a mais e casas de banho que preferiam voltar ao tempo do dilúvio e da Arca de Noé (assim como assim).
Nada disso. Feche portas. Atire a chave ao rio mais próximo (nunca se sabe). Defina o que é zona permitida e zona proibida e feche tudo pelo menos meia-hora antes de começar a festa para não se esquecer. Tenha disponível uma casa de banho sobejamente minimalista (leia-se, com papel higiénico, toalha e um sabonete, mais nada).
E respire fundo. Mais uma vez.
A cada canto sua actividade
Um dos ex libris das festas, se tiver tempo, paciência ou um amigo de família disposto a dar cabo dos tímpanos ao longo de 3 horas, são as pinturas faciais. E a consola. E os legos. E as bonecas.
Todas essas actividades em potência fazem a alegria das crianças convidadas. Na nossa proposta única de venda as actividades e jogos que nós trazemos para cima da balança das festividades são, sem dúvida, alguma o valor que estamos a criar para o nosso “cliente”. Há que saber agora gerir essa panóplia de boas intenções. Um cantinho para as pinturas faciais. Um cantinho para a leitura (pois está bem…). Um cantinho para as prendas. Um cantinho para os pais com algumas minis. Etc.
A divisão dos espaços (livres) da casa por actividades ajuda a preparar melhor o que é preciso para cada uma e evita que o seu filho ande escada acima e escada abaixo com caixas de jogos para decorar todo o chão da sua casa. Controle a quantidade de brinquedos que vão estar por andar, por assoalhada ou por zona operacional, o que é bom na altura de pôr tudo no sítio.
Estas são algumas das zonas que já tivemos cá em casa:
- cantinho dos legos;
- cantinho dos livros;
- cantinho das prendas;
- cantinho do insuflável (com adulto);
- cantinho dos comes e bebes;
- cantinho dos papás e das mamãs (com cervejinha fresca e tremoço).
Divirta-se!
Finalmente e porque o artigo já vai longo: divirta-se. É a festa do seu filho e estamos a festejar mais um ano que passou desde daquele maravilhoso momento do parto em que conheceu o seu filho pela primeira vez (após uma epidural e 10 horas). Independentemente de como e o que irá trazer para esta festa, esta é a verdade incontornável: o seu filhote está a crescer!
Aproveite esta festa para celebrar o que ele é e o que ele vai ser em potência. O que ele fez e o que irá fazer. A forma como brinca, como ri, como interage com os amigos. E bem ao jeito de Maria, essa grande senhora de vários nomes diferentes e venerada por várias religiões, guarde estas coisas todas no coração.
E na máquina fotográfica. Mais tarde quando for adolescente vai precisar delas.
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