Ensinar a organizar!
Este mês existem muitas temáticas a explorar, sobretudo porque é o primeiro mês de férias da criançada. Fala-se muito de actividades a fazer nas férias, fala-se de praia, campismo, preparação das férias, de consciência ecológica, etc.
Mas como sou de ideias fixas e com uma obsessão saudável por organização, por chocolate e cerveja artesanal, achei que seria interessante abordar este primeiro tema. Quanto ao chocolate e cerveja, lá chegarei. Um dia destes também irei escrever sobre isso. Mas não hoje.
Hoje venho falar-vos muito brevemente sobre o jogo e a sua relação com a organização. “Brevemente que é como que diz!”, dizem vocês desse lado aí da fibra, já antecipando um artigo que compete em comprimento com a famosa Muralha da China e com os dicursos de Mário Centeno. Desta vez irei ser mesmo breve, prometo.
Dia 23 de Julho, como deverão saber (se não sabem vejam aqui o evento), vou estar no primeiro Encontro de famílias da Bébéu juntamente com muitas outras especialistas que participam neste blog fantástico que é a Bébéu. Nesse evento irei fazer alguns jogos para crianças mais pequenas, de modo a dar uns pequenos primeiros passos para o conceito da organização.
“E sabem que mais? Não é nada difícil brincar ao jogo da organização com a miudagem.”
Mais do que os adultos, as crianças têm essa capacidade imensa de assimilarem novos conceitos e têm uma mente bem aberta a novos desafios. Os adultos em comparação são uns seres muito desconfiados e cépticos que de cada vez que se propõe alguma mudança no paradigma respondem “acho que isso assim não dá!”.
Já falei aqui do que podemos fazer para construir esta soft skill maravilhosa. Através do que fazemos no dia-a-dia. Através do exemplo dos pais, do deixar fazer (autonomia), do método científico (tentativa e erro) e do reforço positivo. Desta vez quero falar sobre o que o jogo tem a ver afinal com a organização. Porque afinal de contas a Organização é mesmo um Jogo de Crianças!
Vou falar mais concretamente de dois jogos, está bem?
Comecemos pelos Puzzles…
Os puzzles são fantásticos porque lhes permitem construir uma estratégia bem definida para chegar a um objectivo bem concreto que é terminar o puzzle e obter uma imagem específica que é igual à da caixa. Bem simples e bem eficaz.
E como essa estratégia normalmente? Aí podemos entrar nós adultos para ajudar nessa definição:
- vamos começar pelos cantos e lados: para isso recolham todas as peças que tenham lados e cantos;
- recolhidas todas essas peças específicas, comecem por separá-las por cores;
- separadas por cores, está então na altura de construir a nossa moldura do puzzle – para isso serve também o método científico “tentativa e erro”, ou, se quisermos ir mais longe, o velhinho teste de hipóteses;
- logo que tenhamos feito a nossa moldura, temos então que passar à parte de dentro: toca a separar então as restantes peças por cores, mais uma vez;
- finalmente concentrem-se na parte de dentro por zonas e vão pouco a pouco ao encontro da imagem.
Uma actividade destas pode demorar um ou mais dias.
“A dificuldade irá depender não só da idade da criança, mas também do grau a que está habituada.”
Assim através de uma actividade simples e conhecida de todos fazemos duas coisas muito importantes: criámos vínculo familiar; lançámos as bases para essa competência gira que é a organização.
E agora vamos falar um pouco sobre Legos!
Quem não conhece os Legos? E os últimos filmes que têm saído? Loucura total!
Curiosamente, estou a escrever este texto e tenho 4 crianças na sala a brincar com Legos. Oiço-os planear, congeminar e estruturar o jogo deles. Expressões como “Preciso dessa peça!” ou “Vamos fazer assim!” dão-me a entender que este um jogo facilmente se poderia confundir com um processo industrial de fabrico.
Senão vejamos: o que precisamos num processo de fabrico?
- um produto ou família de produtos a construir;
- matéria-prima sobeja;
- um processo de fabrico (o entendimento de que peças precisamos de assemblar primeiro e a seguir);
- um procedimento standard a seguir (“é assim que tens que fazer, não é assim!”).
E é exactamente isso que ouvimos e detectamos nas nossas salas e quartos de cada vez que os miúdos pegam nesse brinquedo que também foi nosso noutros tempos (ainda se lembram?).
Se estiver com muita atenção vai também reparar que existe nesse jogo um chefe de obra, um supervisor e um director de produção. Eu normalmente sou aquele técnico de higiene e segurança chato que vem fazer as vistorias à fábrica a ver se está tudo dentro dos limites previstos pela lei. A lei sendo a mãe, claro. Alguém tem que o fazer.
Porque é que este jogo é importante? Por estes motivos:
- organiza-lhes o raciocínio lógico;
- ajuda-os a entender o que é um processo: o que é preciso, quando, em que quantidades;
- estimula a sua capacidade comunicativa: o que dizer, como quero dizer, a quem quero dizer;
- fixa um objectivo específico a atingir como acontece em qualquer projecto organizativo.
Acabo com um desafio: que outros jogos podem estimular esta sementinha da organização?
Vamos falar sobre isto de novo, no dia 23! Até lá, bons jogos, boas brincadeiras e boas organizações!
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