Porque a mala deve ser leve
Quando a viagem é gigante, desafiante e cheia de espetativas, a regra é?
Planificar!
Pois, não foi o caso, nem na primeira, nem na segunda e se houvesse terceira viagem seria com certeza sem check in.
O destino acolheu-nos e de turistas passamos a nativos.
A viagem é longa e a sua preparação minuciosa, mais exigente que a volta ao Mundo a pedal, mais demorada que a ida à China a pé coxinho, mais empolgante que a descoberta de um novo Continente sem GPS.
E os bebés? Esses seres de outra Galáxia, que nos escolhem para seus hospedeiros e que nos lançam um novo sentimento, desconhecido, logo ali na concepção, logo ali na primeira imagem, logo ali no primeiro momento … em que sentimos o contacto pele com pele, ainda sentindo o pulsar do cordão que de forma mágica é substituído por um fio invisível que nos une para sempre.
O Amor Incondicional, o Amor sem exigências, o Amor Livre!
Na partida para a primeira viagem tudo está apostos, tudo está arrumado e certo, tudo está controlado para as falhas e para as sobras, para os previstos e imprevistos, para o óbvio e para o desconhecido.
A mala carrega todo o peso; o peso das emoções descontroladas, o peso das hormonas, dos excessos, das dúvidas e medos, das certezas e incertezas, de todos os “agoras” e depois …
A mala carrega todas as vozes internas e externas, todos os pais experientes, educadores brilhantes, pediatras de renome, conselheiros mil e pedagogos de bancada.
Mas a mala devia de ser leve …
A mala sofre de super carga.
A mala carrega cansaço, cólicas, mastites, mamadas, mudas, turnos sem folga.
A mala transporta gritos silenciosos de socorro, enche.se de um soluçar angustiado, de ansiedade doentia e de um choro vicioso rotulado por histeria pós-parto.
Esta poderia ter sido a minha estória, esta podia ter sido a nossa estória, mas não foi.
Pois a mala deve ser leve…
A mala cedeu, saltou-lhe o fundo, a viagem é para ser vivida e sentida!
E num rugido alarmante, soprou aos quatro ventos e pôs um ponto final aos “opinas”, aos intrometidos, aos moralistas e aos sabe tudo.
Deixem as mães serem mães! Ninguém conhece melhor o seu bebé que a sua mãe. A mãe sabe se o seu bebé tem fome, sede, frio, se mama a pedido ou de três em três horas, se tem a fralda suja, se se se…
A regra é simples. Responde quando te perguntarem e ajuda se te pedirem. Deixa a mãe fazer as suas escolhas sentidas.
A mãe tem todos os sentidos e ainda mais uns quantos afinados, tem talentos, dons e saberes resgatados, descobertos e reinventados, mas tem sobretudo um coração sábio e o seu bebé, o seu melhor mestre!
A mala da segunda viagem tem nova roupagem…
Esvazia-se de crenças, fundamentalismos, e receitas, é bem mais leve, mais serena, mais flexível e permeável, mais segura e espaçosa, é requintada.
Esta é a nossa mala, onde cabe o essencial, o essencial para nós. E cada um de nós, faz as escolhas, cada um decide o que levar (mesmo que seja a mãe a organizar e a reajustar), esta será sempre bem mais leve!
Dentro da mala estão os pertences únicos de cada, que fazem desta viagem a melhor. Na rota certa, no momento certo, connosco os ”certos”.
O caminho trilhado será suave e doce, passo a passo, lado a lado, envolvido num abraço nosso.
E na mala haverá espaço… para sentir, respirar, parar, abrandar, avançar e se for o caso recuar!
Só porque amo viajar convosco a cada dia, quieta-me a mente, relaxa-me os músculos e envolve-me o coração com um sentimento de férias.
Beijinhos brilhantes…
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