Sim/Não
Quando temos um filho a crescer imaginamos todas as coisas que lhe queremos dar, todos os “sim” maravilhosos quando ele nos pede mais um brinquedo, mais uma peça de roupa, mais um gelado, mais uma atividade extra-curricular.
No momento em que ele faz a pergunta, e partindo do princípio que temos condições financeiras para dizer sim, criamos imediatamente cenários: “quantas horas de diversão vai ter com este brinquedo!” “Que bem que lhe vai ficar este vestido novo!” “Que gelado delicioso vamos partilhar!” “Que bom vai ser para ele aprender mais !”
Aquilo em que não pensamos é no compromisso que esse sim acarreta: cuidar do brinquedo, tratar do novo vestido, comer cuidadosamente o gelado e, talvez a mais difícil, o empenho que teremos de ter com a nova atividade extra-curricular.
Com toda a oferta que existe, a escolha de uma atividade extra-curricular, deve ser a mais ponderada. Não só pelo peso que a mesma poderá ter no orçamento familiar e logística que implica nas rotinas diárias mas, principalmente pelo grau de comprometimento que implica até serem obtidos resultados.
Como adultos sabemos que a aprendizagem de um desporto, de um instrumento ou de uma língua é um processo lento de dificuldade crescente.
Não foi no momento que a D. Dolores inscreveu o filho no futebol que nasceu a lenda Ronaldo. Foi do treino diário, consistente e persistente, na chuva no frio, com quedas, escolhas e muita resiliência.
Qualquer que seja a atividade vai sempre parecer mais fácil no princípio. Os exercícios são mais simples, as crianças conseguem fazer e ter resultados mais facilmente. Mas, se queremos continuar a aprender, os passos seguintes serão mais pequenos, mas mais difíceis.
Sim, qualquer aprendizagem requer tempo, mas os nossos filhos ainda não sabem isso, por isso temos que ser nós a dizer não.
Just say no!
A dizer que não pode desistir só porque caiu, a dizer não porque quer experimentar outra coisa que os amigos disseram que é muito fixe, a dizer que não quando quer desistir do ballet “porque afinal não pode usar sabrinas cor de rosa e só vai fazer pontas daqui a muitos anos”.
A aprendizagem é um processo partilhado entre pais, filhos e professores.
Enquanto pais devemos ouvir os nossos filhos e os seus professores e perceber que o “Sim” e o “Não” são igualmente válidos, mas só de devidamente analisados todos os pontos de vista.
Digo muitas vezes uma frase que li algures na internet e que diz que “Ser pai é nadar e aprender a nadar ao mesmo tempo”.
Não é fácil… é possivelmente a tarefa mais difícil.
Envolvermo-nos no processo educativo é fundamental para que a escolha Sim/Não seja tomada em consciência.
Bem sei que dizer sim aos nossos filhos é bem mais fácil, mas às vezes é preciso dizer não.
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